Melanie Klain - Resenha: Análise do Caos! Nota: 9,0


Aqueles acostumados a usar a música somente como veículo de entretenimento, poucas vezes entendem o dilema do crítico de música ao se deparar com bandas que não vivem aquilo que pregam sobretudo ao vermos infelizmente caras com um discurso vazio, músicos playboys andando de skate, falando como malandro porque é modinha e bocejando letrinhas de como sua vida é tristinha ou garotas tatuadas com seus microfones apontando dedos, pagando de conscientes e vivendo em coberturas de luxo e o que é pior: - considerados "os fodas" pela massa manipulada pelas Fms.
Mas infelizmente esse quadro faz parte do jogo e quem tem um pouco de personalidade vai em busca de conteúdo.

E eis que em meio aos caos cotidiano que permeia o ofício de resenhar lançamentos é que derepente em acordes mágicos que aos poucos tomam vida nos falantes é que surge uma pedra bruta, que aos poucos vai se lapidando e mostrando seus quilates em forma de música, isso é Melanie Klain.

  

Estes paulistanos de Mococa, vieram moldando sua música abertos às diferentes influências de seus membros e moldaram um som moderno, pesado, original e cuja conteúdo das letras impressiona pela verdade das entrelinhas, como faltava a tempos uma banda sentir e cantar no cenário nacional.
Ondas de Metal Moderno, Hardcore,  Thrash, ecoam num Rock/Metal pesado e vigoroso, cujas melodias se incorporam de forma perfeitas à agressividade latente e não caricata de seus músicos, e é exatamente essa dificuldade em rotular a banda é que é sua maior força e qualidade.

A Intro "Desrespeitável Público" é o currículo do Brasil, que prepara o ouvinte para "Abençoados por Deus", porrada "grooveada" com um inteligente diálogo de vozes aliando agressividade e por vezes num ritmo "RAPeado" e variações rítmicas bem interessantes. "Diálogo" tem uma letra que daria aula em muita banda antiga dita "punk" por aí, Duzinho vai mostrando o excelente letrista que é, assim como a faixa anterior há uma quebra rítmica no meio onde a banda prepara o ouvinte para o belo ataque de guitarras e solos inspirados que vêm a seguir.

"Fé Cega" de novo trata de forma perfeita em sua letra, um dos aspectos mais famigerados de nossa religiosidade, riffs poderosos e cadentes em unidade com o peso da temática, e mais um dueto fenomenal da dupla de guitarras! Segue a porradaria com "Guerra" uma faixa poderosa e densa que deságua na acústica "Marcas do Abandono" em sua surpreendente beleza que cresce e alterna momentos agressivos e melódicos com classe, na qualidade interpretativa de Duzinho que parece cantar sua própria vida.

A impactante bateria de Pedro abre "Lavagem Cerebral" mostrando toda sua técnica, uma faixa contundente que flerta sem medo de ser feliz com o Thrash e o Metalcore, no melhor refrão do álbum que o fara cantar junto por dias. "Cartas de um Suicida" toca no delicado tema de sua letra, mostrando no instrumental a marca do Melanie Klain, a inteligente alternância entre os climas de sua música,
e "Cólera/Nação" também segue nessa variação instrumental sem deixar de mostrar a belíssima técnica individual de seu músicos e um final Hardcore de quebrar pescoços!
"Rede Social" traz sem dúvida a melhor letra do CD, sobre a maldita modinha do politicamente correto e das posições políticas do momento, palavras sensacionais que surgem em meio a um Metal cheio de "groove" e adornado de guitarras ganchudas e originais, sem dúvida a música do ano!

"Análise do Caos" que dá nome ao CD é mais uma vez o retrato perfeito da realidade social e que o Melanie Klain passa sem ser panfletário, ao contrário você sente a vontade de cantar a plenos pulmões junto com a banda, ainda mais ouvindo a massa sonora de seu Metal alucinado como trilha sonora em viradas rápidas em belas passagens do baixo  e da cozinha que dominam a faixa.
"Reflexão" é uma confissão que merece ser ouvida e fecha de maneira perfeita o trabalho.

Sem dúvida o Melanie Klain é sem exagero, umas das mais gratas surpresas da música surgidas em nosso país nos últimos tempos, um trabalho essencial e que promete deixar profundas marcas, pois se já começou obrigatório, com certeza teremos outras poderosas surpresas vindas desta trupe!

resenha: Ed Oliver



Um comentário:

  1. Belíssima resenha, salientando o que eu sempre mais gostei da banda, a alternância de ritmos e a perspicácia em criar letras ácidas, inteligentes e infelizmente, realistas. Dificilmente esse CD sai da minha lista de melhores discos nacionais do ano...

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